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domingo, março 23, 2008

Guerrilheiros e Terroristas

Esta parábola evidentemente não foi utilizada por Jesus, mas se Êle estivesse fisicamente no nosso mundo atual, com certeza se utilizaria dela.

Os discípulos percorriam certa vez uma localidade em que depararam com vários monumentos à Resistência. Tratava-se de monumentos modernos que, embora não sendo de mau gosto, tampouco se destacavam pela beleza. Percebia-se que haviam sido construídos com muito amor, mas também com muita rapidez. Um dia em que descansavam nos bancos, ao lado de um deles, foi inevitável o comentário:

- Como mudam os tempos! Os "desprezíveis assassinos" de há pouco são agora homenageados desse modo - disse um.

- No mínimo, vai chegar o dia em que nossos aviltados terroristas de agora irão receber as mesmas honras - acrescentou outro.

- Não se pode confundir o guerrilheiro com o terrorista - afirmou um terceiro, mais observador.

- Sim, você tem toda a razão - interveio o Mestre. - Não aprecio a guerra. Não me agrada levá-la a efeito, nem falar sobre ela, mas vou fazer uma exceção.

A guerrilha, o "maquis" (combatente da Resistência Francesa, durante a ocupação alemã durante a 2ª Guerra), como também se chamou, é uma forma de lutar em defesa de certos direitos tirados à força, injustamente, em defesa de certas pessoas oprimidas. A guerrilha é um exército de vanguarda, clandestino e quase sempre popular, cheio de idealismo e nobre rebeldia.

Já o terrorista não é assim. É um homem desprovido de esperança, desvinculado do povo a quem afirma servir, alguém que substitui o amor pelo ódio, daí sua periculosidade, que faz do atentado seu sistema de vida. Ele próprio sabe, embora não queira reconhecê-lo, que seu agir não conduz a êxito social algum. Existe, porém, uma espécie de determinismo que o induz a esse comportamento inútil. Todavia, não pensem que esse proceder seja monopólio das fronteiras políticas. Algo semelhante ocorre em outros âmbitos.

Em circunstâncias precárias, sempre suscitei profetas, que são os "guerrilheiros do reino". Seu agir e seu testemunho são ousados, e sua aceitação, difícil. No entanto, é possível constatar que se distinguem dos cegos terroristas por seu amor e por sua esperança. O mesmo não ocorre com os "terroristas do reino". Por mais que recusem chamar-se assim, eles sempre existiram. São pessoas insatisfeitas, sem qualquer solidariedade com quem quer que não comungue com suas exatíssimas idéias e procedimentos. Ademais, são orgulhosos de si mesmos.

Quanto a vocês, lutem quando isso lhes disser respeito, mas jamais percam a esperança, o amor. Assim não serão terroristas de qualquer espécie.

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